Tempo, tempo, tempo!

Via-se, em um cantinho escuro do céu, uma estrela solitária. A tristeza assolava os olhos de quem a via, e igualmente sentia-se solitário. A noite estava nublada, um copo de vinho esquentava o seu sangue e um charuto aliviava a sua dor. Pensava em como livrar-se desta angústia e solidão, olhava a estrela com certo desdém, seria ela feliz na sua também inútil solidão? Estava afoito, melancólico...batia em seu peito um ar nostálgico do tempo em que era apenas uma criança, corria e se escondia para que o procurassem, e agora quando adulto, lento e querendo mostrar-se ao mundo, e ninguém parece vê-lo. Tinha ele uma pose arrogante misturando-se a excentricidade, buscava em si algo que talvez nunca encontraria, buscava talvez a ele mesmo! Tentou ser um bom aluno, tentou fazer medicina, letras, advocacia, administração, comércio exterior...tudo no seu iludido sonho, a vida real foi drástica, acabou sendo servente de pedreiro, mecânico, metalúrgico e agora um velho aposentado solitári...